Os modelos de criação de valor operacional em Private Equity têm historicamente focado nas seguintes alavancas: melhoria de vendas e margens, eficiência de custos e redução de capital, eficiência de capital, serviços compartilhados e, mais recentemente, – diversificação geográfica e digitalização. Neste contexto, a importância da alavanca humana foi durante muito tempo subestimada e ganha cada vez mais peso na gestão de carteiras.
Ainda, de acordo com o Harvard Business Review, entre 70% e 90% de aquisições não atendem às suas expectativas financeiras. Um dos principais fatores que levam a essa dinâmica é atribuído ao desalinhamento das estratégias, capacidades e culturas de talentos das empresas do portfólio com as das entidades adquirentes.
Essa frase soa como um “clichê” a menos que façamos uma reflexão profunda do ponto de vista contábil e de planejamento financeiro. A ISO introduziu recentemente ISO 30414, o primeiro Padrão Internacional de Relatório de Capital Humano que permite que organizações de todos os portes tenham uma visão clara da real contribuição de seu capital humano. No entanto, muitos modelos tradicionais e de engenharia financeira e relatórios usados por empresas de PE ainda analisam o capital humano de uma perspectiva puramente de custo.
Fazer ligações diretas entre o capital humano e os retornos do portfólio de uma empresa é complicado, às vezes controverso e um tema muito sensível. No entanto, há definitivamente um benefício em usar frameworks quantitativos para avaliação de capital humano e seu alinhamento com outras áreas organizacionais para apoiar a tomada de decisões pré e pós-negociação. Uma maneira possível de fazer isso é por meio do uso de scorecards, onde habilidades e competências são ponderadas em relação aos objetivos estratégicos da empresa, o que, por sua vez, resultaria em benefícios econômicos.
Da mesma forma, a Due Diligence de RH deve ir muito além da avaliação dos riscos e custos de RH associados a um negócio. Deve envolver uma análise quantitativa completa das habilidades e capacidades dos funcionários-chave, bem como seu alinhamento geral com a futura estrutura organizacional, cultura e objetivos financeiros. Modelos de avaliação eficazes permitiriam a uma empresa prever melhor os retornos financeiros das decisões relacionadas a RH, bem como quantificar os benefícios econômicos esperados decorrentes do alinhamento de equipes, competências e culturas das entidades com a estratégia organizacional pós-fechamento. As empresas de PE também se beneficiariam ao colocar mais ênfase no desenvolvimento de capacidades de portfólio cruzado após o fechamento, bem como na criação de estruturas organizacionais flexíveis que incentivam o crescimento e a inovação.
A resistência à mudança faz parte da nossa natureza humana. Hoje, na era da transformação, mudança e incerteza, o envolvimento precoce dos funcionários nos processos de transformação organizacional está diretamente ligado à sua vontade de abraçar a mudança e entender melhor seu impacto positivo em sua carreira futura e na organização como um todo. Os funcionários são muito mais propensos a apoiar e adotar mudanças quando se sentem investidos no processo e no resultado.
No entanto, esse é outro aspecto delicado de um processo de aquisição, pois muitas informações devem permanecer confidenciais até que o negócio seja fechado. Envolver os funcionários após o anúncio formal do negócio pode acarretar riscos de criar tensões desnecessárias dentro da equipe, fazendo com que se sintam inseguros, mal informados e até desvalorizados. No entanto, muitos deles terão que fazer parte de um músculo organizacional durante os primeiros 100 dias e além.
Nesse contexto, como uma empresa de PE manteria os funcionários engajados durante todo o ciclo de vida do negócio? Aqui estão alguns pensamentos:
De acordo com Relatório Global da Indústria de Private Equity publicado pela Bain & Company em 2015, a principal razão pela qual as empresas de PE não estavam conseguindo atingir os retornos desejados era devido à nomeação de líderes errados para administrar as empresas do portfólio. Cinco anos depois, apesar do PE ficar mais forte e maduro como indústria, Bain & Company ainda enfatizam que os gerentes líderes individuais importam mais do que a empresa de PE nos retornos dos negócios. Voltando ao aspecto monetário do capital humano em empresas de Private Equity, podemos estar falando de perdas de vários milhões de libras/euros quando se trata de nomear um CEO de empresa de portfólio errado.
Sempre dizemos que negócios, produtos/serviços e soluções não falham – as pessoas falham! Se você deseja que seu negócio, seus produtos/serviços ou suas soluções sejam bem-sucedidos, invista em encontrar as melhores pessoas. Atualmente, cada vez mais empresas de PE percebem a importância de diversificar seus conhecimentos técnicos para implementar efetivamente os processos de transformação. Muitos se concentram na construção de redes fortes de parceiros operacionais com orientações funcionais específicas para corrigir rapidamente as lacunas técnicas nas empresas do portfólio. No entanto, o papel de um CEO continua sendo fundamental na implementação eficaz da nova cultura dentro de uma equipe e na condução eficaz do caminho para o crescimento.
Tendo trabalhado em muitas colocações estratégicas de CEO em empresas apoiadas por PE, identificamos algumas características-chave e traços de liderança que um bom CEO de empresa de portfólio precisa ter:
É claro que cada empresa apresenta desafios únicos a qualquer momento dentro de seu ciclo de vida de negócios; eles têm seu ambiente, valores e visões idiossincráticos que exigem uma abordagem única para seus critérios de seleção de liderança e uma extensa crítica dos níveis de competência de liderança necessários para alcançar os resultados críticos necessários. Nosso CEO da EMEAA chama isso 'Liderança situacional' e gosto bastante dessa descrição porque ela desafia o comitê de seleção em muitos níveis, mas o mais importante é pensar além da substituição de igual por igual, usando a descrição de função anterior para determinar os parâmetros de pesquisa do novo líder - sabemos que isso é um compromisso com um vida presa no passado, em última análise, cedendo o futuro aos seus concorrentes. Para os parceiros e equipes de negócios responsáveis pela Due Diligence operacional, vale ressaltar novamente que o sourcing de um grande CEO deve começar muito antes da conclusão da aquisição para que ele esteja em plena capacidade desde o primeiro dia do plano de 100 dias.
Mais equipes de negócios estão encontrando valor nos processos de due diligence de capital humano, que demonstram fornecer melhorias significativas após o fechamento e permitir que uma empresa de PE se mova com velocidade e agilidade no caso de imprevistos acontecerem com outros principais geradores de valor no negócios recém-adquiridos, trazendo valor e resiliência de longo prazo para as empresas do portfólio.
Este artigo foi co-autoria de Gordon Berridge
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